Entre quilos e emoções: como a comida virou companhia, válvula de escape e recompensa

Nos últimos anos, a relação entre alimentação e saúde mental tem ganhado destaque em estudos e discussões sobre comportamento. De acordo com uma pesquisa da American Psychological Association, mais de 30% dos adultos afirmam recorrer à comida como forma de aliviar o estresse.

Já no Brasil, dados da Fiocruz revelam que esse padrão se intensificou durante a pandemia, acentuando hábitos alimentares guiados por fatores emocionais, e não fisiológicos. Assim, comer deixou de ser apenas uma resposta à fome. Tornou-se um recurso emocional, um gesto automático diante da ansiedade, da solidão ou até da alegria.

E em muitos casos, é uma tentativa silenciosa de preencher lacunas internas com sabores familiares. Alimentos simples, como o amendoim, por exemplo, ganham protagonismo nessa lógica! Que além de acessível e versátil carrega grandes benefícios.

Por isso, neste conteúdo, vamos entender como a comida passou a ocupar esse papel multifacetado na rotina moderna, e por que reconhecer esse padrão pode ser o primeiro passo para uma relação mais consciente com o que colocamos no prato. Vamos lá?

Quando a comida vira companhia: entre o silêncio e a geladeira

Antes de tudo, é preciso entender que a solidão não é um fenômeno recente, mas tem ganhado contornos mais evidentes na sociedade contemporânea. Afinal, com rotinas aceleradas, distanciamento físico e relações mediadas por telas, muitas pessoas passaram a conviver com longos períodos de isolamento, mesmo estando cercadas de gente.

E é exatamente em cenários como esses, que a comida se apresenta como uma presença constante e reconfortante. Além disso, é comum buscar algo para mastigar enquanto se trabalha, assiste a um filme ou tenta passar o tempo. Por isso, em momentos como esses, o alimento cumpre um papel simbólico, preencher a ausência de companhia.

Não se trata de fome física, mas de algum tipo de acolhimento emocional. Mas no problema que pode acontecer se esse hábito se tornar automático e frequente. Portanto, reconhecer esse ciclo é o primeiro passo para substituí-lo por alternativas que de fato ofereçam: conexão com outras pessoas ou atividades prazerosas.

Ansiedade no ar? Vem um snack para acalmar.

A válvula de escape alimentar se manifesta em situações cotidianas: uma reunião estressante que termina com um doce, uma frustração que pede um salgado, ou um dia difícil que só parece “melhorar” depois de algo reconfortante no prato. No entanto, essa resposta emocional tem explicações biológicas.

Ao consumir certos alimentos, o corpo libera substâncias como dopamina e serotonina, associadas ao prazer e bem-estar. Por isso, muitos buscam conforto em comidas calóricas, doces e ultraprocessadas, alimentos que, embora ofereçam alívio imediato, criam um ciclo de dependência emocional difícil de romper.

E identificar esse padrão é fundamental. Até porque comer não deve ser a única forma de lidar com sentimentos desconfortáveis. E sim, desenvolver estratégias alternativas, como atividade física, diálogo, meditação ou até pausas conscientes, pode ser o início de uma relação mais equilibrada com a alimentação e, principalmente, com as próprias emoções.

“Eu mereço”: o sabor da conquista

Depois de tudo o que falamos, você percebeu como, muitas vezes, a comida vira uma forma de comemorar algo simples do dia a dia? Uma tarefa finalizada, um treino concluído, um dia difícil superado, tudo pode se transformar em justificativa para um agrado no prato. E, quase sempre, esse agrado vem em forma de algo calórico, doce ou carregado de afeto.

Essa prática, chamada de alimentação de recompensa, é mais comum do que se imagina. Ela não nasce na vida adulta, começa ainda na infância, quando um bom comportamento gerava um doce como prêmio. Com o tempo, o gesto se torna automático, e passamos a usar a comida para validar conquistas ou tornar os dias difíceis um pouco mais leves.

É aqui que alimentos com carga afetiva ganham destaque. O amendoim, por exemplo, aparece em receitas típicas, doces tradicionais e snacks rápidos que carregam esse simbolismo. Ingredientes como esse, vira um aceno emocional. Uma lembrança de que, de alguma forma, a vida também pode ser celebrada com pequenos sabores.

Refletir, sim. Culpar, não: como mudar a relação com a comida

Reconhecer os próprios padrões alimentares é um ato de coragem, especialmente quando esses padrões estão ligados a emoções profundas e comportamentos enraizados. No entanto, é essencial lembrar: alimentação emocional não é sinônimo de fraqueza. Muito pelo contrário, ela revela como a comida também ocupa um papel simbólico nas relações humanas, culturais e afetivas.

O problema começa quando esse mecanismo vira rotina, e o ato de comer passa a responder mais às emoções do que ao corpo. Nesses casos, a mudança precisa vir com consciência e gentileza. Trocar o piloto automático por escolhas atentas, identificar gatilhos emocionais e buscar suporte, seja profissional ou por meio de atividades prazerosas, são atitudes que constroem um novo caminho.

Consciência no prato: pequenas atitudes que transformam

Mudanças duradouras não acontecem de forma radical, elas nascem de gestos cotidianos. Observar como, quando e por que você come é um dos primeiros passos para transformar a alimentação em um momento de conexão real com seu corpo e suas necessidades.

Pequenas atitudes podem fazer diferença:

  • Comer sem distrações (como celular ou TV);
  • Fazer pausas durante o dia para se reconectar com a fome real;
  • Evitar utilizar a comida como única fonte de prazer ou consolo;
  • Experimentar novas receitas com intenção, não por impulso.

Nesse processo, o autoconhecimento tem papel fundamental. Ao entender os próprios gatilhos, fica mais fácil criar rotinas alimentares mais intuitivas, e menos impulsivas. A meta não é comer “perfeito”, mas comer com mais presença, intenção e equilíbrio.

Conclusão: entre emoções e escolhas, o ponto de equilíbrio

A comida tem, sim, o poder de confortar, reunir e até comemorar. E não há nada de errado nisso, mas desde que esse papel não se sobreponha às reais necessidades do corpo. Comer por emoção é humano. Mas cultivar uma relação mais consciente com o que colocamos no prato é um cuidado que vai além da estética: é uma forma de respeito com a própria saúde.

Ao longo deste conteúdo, vimos como hábitos emocionais se constroem, se repetem e, muitas vezes, passam despercebidos. Mas também vimos que é possível quebrar esses ciclos, com informação, paciência e intenção. E, quem sabe, transformar aquele snack favorito simbólico de recompensa em um gesto de escolha, não de fuga.

Afinal, entre os quilos e as emoções, é possível encontrar um ponto de equilíbrio. E esse ponto começa, justamente, pela consciência.

23 de junho de 2025

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  • Valéria Queiroz

    Valéria Queiroz
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